sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

Justificando o injustificável

Até o início do ano passado a presidente Dilma Rousseff andava de cara virada para o senador Renan Calheiros (PMDB-AL), quando achava que poderia extirpar do governo o entulho deixado pelo antecessor. Mas, depois, com as dificuldades para continuar a faxina, as coisas foram se acomodando, e Renan Calheiros, com auxílio de seus aliados, retomando espaço junto ao governo petista.
Agora, embora Ideli Salvatti - ministra-chefe da Secretaria de Relações Institucionais - diga que o governo “não tem preferência por nenhum candidato” para a presidência do Senado e da Câmara, isto não passa de falácia. Tanto Calheiros como Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN) têm suas eleições quase que garantidas, com o apoio direto do Palácio do Planalto.
Os governos no Brasil nunca levaram em conta a capacidade do candidato à presidência de suas casas legislativas; nem se o candidato tem a ficha limpa, ou suja. O que interessa é que o legislativo esteja atrelado ao executivo, porque o primeiro “não deve ser independente”. O “mérito” de estar atrelado ao governo não falta a Calheiros, futuro presidente do Senado; nem a Henrique Alves, futuro presidente da Câmara. 
Esta semana a grande imprensa divulgou, de forma veemente, denúncias mostrando as amarras dos dois candidatos, apoiados pelo governo do PT. Contudo, convenhamos que essa forma de fazer política não é exclusiva do PT. O que o PT fez foi tornar o “toma lá dá cá” mais robusto, depois do insucesso do MENSALÃO.
Então, para resumir, vamos extrair apenas uma denúncia sobre cada um dos candidatos:
“O Estado de São Paulo” divulgou que “a combinação de influência na Caixa Econômica Federal e o comando político de 80% dos municípios alagoanos fez de Renan Calheiros, favorito para assumir o controle do Senado, o midas do programa Minha Casa, minha Vida em Alagoas. A Construtora Uchôa, do irmão de Tito Uchôa, apontado como laranja do peemedebista, faturou mais de R$ 70 milhões no programa nos últimos anos”.
Henrique Eduardo Alves, por sua vez, é acusado, além de desvio de verbas de gabinete e emendas parlamentares, de empregar parentes em órgãos públicos, entre eles sua ex-mulher Mônica Infante Azambuja, com salário de R$ 10,5 mil na Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB).
Vale recordar que Henrique Alves era candidato a vice-presidente da República na chapa de José Serra quando foi obrigado a abdicar, após denúncia da própria Mônica Infante de que ele tinha depositado R$ 15 milhões em paraíso fiscal. Logicamente, de desvio de dinheiro público.
Já Calheiros, em 2007 renunciou para não perder o mandato no Senado. Chegou ir à Comissão de Ética, por apresentar documentos falsos relativos à venda de bois “fantasmas” para justificar renda, e ter a pensão da filha com a jornalista Mônica Veloso paga por uma empreiteira.
Então, podemos deduzir que os políticos não são cidadãos da nossa espécie, pois como disse o ex-presidente Lula da Silva ao defender o amigo José Sarney, após graves denúncias de corrupção no Senado: Ele “tem história no Brasil suficiente para que não seja tratado como se fosse uma pessoa comum”.

sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

Não há luz nenhuma no final do túnel

Há poucos dias o jornal “Folha do Estado de São Paulo” anunciou que José Serra, ex-governador e ex-prefeito de São Paulo, está insatisfeito no PSDB, partido do qual é um dos fundadores. O motivo é que Serra considera-se isolado e preterido, em função da ascensão da candidatura do mineiro Aécio Neves, que ora ganha corpo junto às lideranças tucanas.
Por isto, José Serra e seus aliados pensam inclusive em abandonar o PSDB, para fundar um novo partido. Outra hipótese é ingressar no PPS, onde conta com o apoio de seu presidente, Roberto Freire (PPS-SP), ou juntarem-se para criar uma nova agremiação, para que Serra possa viabilizar sua candidatura à presidente da República nas eleições do próximo ano.
Claramente José Serra ainda alimenta o sonho de chegar à presidência do Brasil, mesmo depois das derrotas de 2002, para Lula da Silva; de 2010, para Dilma Rousseff; de 2012, para Fernando Haddad - para prefeito de São Paulo. Alheio a essas derrotas, Serra parece não reconhecer que não é tão querido nas urnas; que lhe falta empatia. Por isto, aos poucos, vai inclusive perdendo a credibilidade conquistada quando Ministro da Saúde.
Outra que se encontra em franca mobilização para criação de sua própria legenda é a ex-senadora Marina Silva (AC), atualmente sem partido. Dona de mais de 20 milhões de votos nas eleições de 2010, Marina pensa em aglutinar o pessoal insatisfeito no PT, no PSDB e em outros partidos. Marina não quer ser coadjuvante; pensa em ser sempre o cacique. Seu projeto, além do meio ambiente, é claro, é receber doações apenas de pessoas físicas.
Também o sindicalista Paulinho da Força Sindical (SP) articula a criação de seu próprio ninho partidário. Já tem inclusive nome, se chamará Partido da Solidariedade. Mesmo com ridícula votação nas últimas eleições para prefeito de São Paulo e sem qualquer chance de chegar à presidente, Paulinho quer ser o dono da sua trincheira.
E os projetos de criação de partidos não para aí. É a “Farra do Boi” dos políticos. Atualmente são 30 agremiações registradas no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). A maioria é de partidos de aluguel, criados para negociatas e para receber o Fundo Partidário, subtraído dos impostos pagos pelos brasileiros.
Em função dessa facilidade de criação de legendas, que alimenta esse sistema nocivo e corrupto, sem qualquer embasamento ideológico, com raríssimas exceções, assistimos a cada eleição o empobrecimento da nossa política, o que é lamentável, por comprometer nosso próprio futuro.
É por este empobrecimento que estamos vendo florescer as candidaturas de Renan Calheiros e de Henrique Eduardo Alves, para a presidência do Senado Federal e da Câmara de Deputados, respectivamente. Ambos com uma vasta folha corrido de serviços prestados em benefício próprio.
Então, qual a expectativa de mudança para melhor alguma coisa no futuro? Infelizmente, fica somente a certeza de que no final do túnel não há luz nenhuma.
Pobre do Brasil. Pobre de nós brasileiros, com nossa pobreza política.

sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

Criticando, para um futuro melhor

Já no primeiro dia do ano novo foram empossados milhares de prefeitos e vereadores por todo o Brasil para um novo mandato de quatro anos. Muitos deles foram reeleitos; outros assumem como marinheiros de primeira viagem. Mas a responsabilidade de todos eles é muito grande, pois a maioria dos serviços públicos essenciais à população hoje é de competência do município.
Como é de conhecimento geral, são poucos os municípios que têm receitas suficientes para atender às demandas de custeio e de investimentos, que são sempre crescentes. No Brasil a divisão da arrecadação tributária, concentrada na União, é desigual, e em muitos casos chega perto da injustiça. A realidade é que a maioria dos nossos municípios tem uma arrecadação pífia, insuficiente até para cobrir as despesas de custeio.
Nesse cenário, cabe aos eleitos o zelo para que os recursos públicos sejam utilizados apropriadamente. É isso que esperam os cidadãos que depositaram seus votos nas urnas, em confiança àqueles e àquelas que elegeram. Todos agora estão na expectativa de que suas necessidades venham a ser assistidas, independente da renda e do tamanho do município.
Lamentavelmente, em pleno século XXI, ainda observamos no Brasil uma cultura patrimonialista, quando muitos depois de eleitos passam a tratar os recursos públicos como se fossem privados.
Essa falta de escrúpulo chega a tal ponto, que não se poupa recursos da merenda escolar, dos remédios para pacientes com doenças crônicas e degenerativas, do combate às endemias, entre tantos desvios. Não são poucos os casos de enriquecimento ilícito com a política, de maneira criminosa e até absurda, conforme fartamente nos mostram no dia a dia os mais diversos meios de comunicação.
A impressão que fica é a de que vivemos em um círculo vicioso, que os políticos podem bem fazer o que querem. Por outro lado, que a população encontra-se adormecida, anestesiada, sem combater tudo isso...
Hoje vemos vereadores eleitos para fiscalizar o executivo não exercendo suas funções; as Câmaras de Vereadores gastando milhões e milhões de recursos, que poderiam ser melhor aplicados, se diretamente em benefício da população; outros milhões vão saindo pelos ralos dos desperdícios e da corrupção, sem controle e fiscalização. Parece até que estamos vivendo na casa da “mãe Joana”, onde cada um por si faz o que quer.
Se pensássemos um pouco mais no coletivo o Estado seria mais organizado; cada um dos poderes cumpriria com mais fidelidade suas atribuições, sem desconsiderar que os recursos públicos devem ser tratados com o máximo de seriedade e rigor, pois resultam do esforço de toda a sociedade. Portanto, esses recursos deveriam retornar em serviços, criteriosamente priorizados, para atender da melhor forma os anseios do povo.
Nessa organização, o Estado, em todos os seus níveis (municipal, estadual e federal), deveria ser enxuto e funcional, para cumprir com fidelidade as suas funções.
Então, salve a iniciativa privada e os cidadãos honestos que pagam seus impostos em dia para sustentar tudo isso!