sexta-feira, 26 de julho de 2013

Papagaio Ensinado


Creio que foi ao final do ano passado, no programa “Globo News Dossiê”, que o ex-guerrilheiro da Ação Libertadora Nacional (ALN), Carlos Eugênio Paz, de codinome Clemente no mundo da guerrilha, confessou publicamente ter participado no assassinato de um “cumpanheiro”. A vítima, Márcio Leite de Toledo, então com 26 anos, havia treinado guerrilha em Cuba. No Brasil, clandestinamente, fazia parte da Coordenação Nacional da ALN.

O motivo alegado foi de que Márcio era uma ameaça à cúpula da guerrilha, quando na realidade ele queria abandonar a ALN, talvez pelo próprio medo de ser morto pela repressão do regime militar. Na época, para Carlos Eugênio, e mais três “cumpanheiros” que participaram do assassinato, a ameaça não passava de uma mera suposição. É fato que eles fizeram o julgamento do Márcio, como juízes e testemunhas, condenando-o à pena de morte.

Na entrevista à Globo News, Carlos - o ex-Clemente - disse reconhecer que esse ato não teve “nada glorioso”, justificando a razão de quebrar o silêncio, como exemplo aos militares que participaram de atos de exceção. Por sua ótica, também os militares deveriam relatar à Comissão da Verdade os seus atos.

Márcio Leite de Toledo era um ex-estudante de sociologia. Morreu baleado nas ruas de São Paulo, depois de uma emboscada, sem qualquer direito de defesa.

Junto a seu corpo foi deixada a sentença, na forma de panfletos, com os seguintes dizeres: Uma organização revolucionária em guerra declarada, não pode permitir uma defecção desse grau em suas fileiras.

A Lei nº 6.687, de 28 de agosto de 1979, chamada Lei da Anistia, promulgada pelo general João Figueiredo, último presidente militar, já nos anos de abertura da política, beneficiou tanto os guerrilheiros que praticavam ações terroristas, como também os militares que praticaram exceções no período.

Esta Lei resultou do clamor popular e da mobilização de toda a sociedade civil, eclesiástica e até mesmo de algumas dissidências militares por “uma anistia ampla, geral e irrestrita”. Desta forma, ela é um marco da transição entre o sistema autoritário implantado em 1964 e o regime de liberdade de direitos, democrático, no qual atualmente vivemos.

Hoje, no entanto, muitos dos ex-guerrilheiros, que pegaram em armas para impor ao Brasil, pela força, o regime Comunista, querem passar para história como heróis. Muitos deles ainda se julgam responsáveis pela abertura do sistema, mesmo na clandestinidade ou no exílio. Mas verdadeiros heróis foram os que resistiram aqui mesmo. Somente com a arma da voz e das ruas romperam o sistema.

Felizmente, desde a queda do muro de Berlim, no século passado, o comunismo fragmentou-se pelo atraso e autofagia do próprio sistema. Nesse processo a presença ativa de uma burguesia de estado, a falta de liberdade dos cidadãos, o materialismo imposto nos bancos das escolas, a coerção da liberdade de pensamento e de informação, entre outras restrições dos direitos universais.

Ficou definitivamente provado para o mundo, com os exemplos dos países da antiga cortina de ferro, da Europa Oriental, que o comunismo é definitivamente um regime autoritário e restritivo da liberdade, imposto pela força.

Então, temos que aceitar o capitalismo da forma como ele nos apresenta? Definitivamente, também não!

Um sistema mais humano e realmente democrático só será alcançado pela educação em massa. Mas educação de qualidade, com capacidade de transformação e de indução ao pensamento crítico. É deste tipo de educação que os governos populistas têm medo, porque para eles o povo só serve como instrumentos de manobras.

Daí o seu marketing político, que não ensina a pensar. Serve-se sempre dos mesmos chavões, tal como papagaios ensinados a repetir a mesma cantilena.

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