sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

Toma lá dá cá – E o país no segundo plano

O ponto alto do ministério anunciado para o segundo mandato da presidente Dilma Rousseff foi o da escolha da equipe econômica. Mais quatro anos de Guido Mantega no comando do Ministério da Fazenda e de Arno Augustin na Secretaria do Tesouro Nacional o grau de confiança no Brasil chegariam ao fundo do poço. O uso indiscriminado da chamada “contabilidade criativa” - para fechar as contas públicas descontroladas -, a inflação alta e a estagnação da economia há tempo dão sinais claros da necessidade de mudanças.
Resta agora saber se a nova equipe econômica, sob a batuta do novo ministro da Fazenda Joaquim Levy, terá autonomia para realizar a “correção de rumos”, conforme anunciada. A própria presidente poderá ser um obstáculo. Um claro sinal foi dado ao ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, que se viu desautorizado ao dizer que o governo enviaria uma nova proposta ao Congresso Nacional mudando as regras de correção do salário mínimo. Teve que desmentir o que disse. Uma lástima!
Outro fator negativo certamente será a resistência do partido majoritário à adoção das medidas necessárias.  Logo no primeiro discurso de Joaquim Levy, ao tomar posse no Ministério da Fazenda, mal acabou o pronunciamento começou uma saraivada de críticas das diversas alas petistas. A adoção de medidas impopulares, seguidas de corte nos gastos do governo para reorganizar a economia incomoda o partido.
Nas finanças públicas, tal como na das famílias e das empresas, não é possível realizar mágicas e gastar mais do que se arrecada. Quando isto acontece, paga-se um preço. Então, não é nenhum demérito a adoção de políticas neoliberais, como quer fazer crer muitos petistas. Mal maior fez a presidente Dilma Rousseff ao dizer durante o período da campanha o que não faria e depois fazer justamente o que disse que não faria. Contudo, felizmente, com esse erro ela acerta ao abdicar da política econômica equivocada do primeiro mandato.
Quanto aos demais ministérios, pelos nomes anunciados é patente que quase nada mudou. Prevaleceu para neste segundo mandato a política do toma lá dá cá, em detrimento da competência técnica, da meritocracia. Deste modo, mais uma vez começamos a assistir o loteamento do governo em troca do apoio política na Câmara dos Deputados e no Senado Federal.
Uma síntese deste despropósito, tão perverso às instituições brasileiras, pode ser observada com a nomeação do pastor George Hilton, da igreja Universal do Reino de Deus, para o Ministério do Esporte. Hilton não tem qualquer experiência anterior na área. É um leigo! Como mérito ele diz entender “de gente”. Mas sabe fugir de jornalistas quando o assunto são as malas de dinheiro flagradas com ele em um aeroporto.
Por isto, valeu a nota dos Atletas pelo Brasil, em protesto contra a indicação de Hilton, onde se lê: - Exigimos muito mais respeito com tudo que envolve o tema Esporte no Brasil. O que está muito longe de acontecer quando constatamos os critérios, ou a falta deles, que foram usados para a escolha do novo ministro. Infelizmente, há anos, o Ministério do Esporte é usado como barganha política... o que traz enormes prejuízos ao esporte e ao País em um setor que está à frente de um enorme investimento com os megaeventos esportivos.

Notas como esta caberiam perfeitamente em muitas outras pastas, o que comprova que o país está sendo colocado em segundo plano com a política adotada nos últimos anos. Não é por outro motivo que na América do Sul crescemos menos que a Bolívia, o Chile, a Colômbia, o Paraguai e o Peru. Está aí também para comprovar o vergonhoso escândalo do que transformaram a Petrobras. 

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