sexta-feira, 20 de maio de 2016

Resgatando o Estado da bandalheira.


O presidente em exercício Michel Temer (PMDB-SP) primeiro pretendeu um ministério enxuto, formado exclusivamente por “notáveis”. Depois, pela pressão política e necessidade de compor uma base parlamentar consistente, chegou a cogitar em conservar o mesmo número de ministros da “presidenta” afastada. Porém, após reunir-se com o cientista político Gaudêncio Torquato, um de seus principais conselheiros, optou pelo meio termo, ou seja, reduziu o número de ministérios, mas com maioria de políticos.
De “notáveis”, pode-se destacar quase que exclusivamente o ministro da Fazenda, o economista Henrique Meirelles (PSD-GO), ex-tucano, o ministro das Relações Exteriores e também economista, José Serra (PSDB-SP), e o ministro da Justiça, professor Alexandre de Moraes. Na contramão da escolha destacam-se os ministros do Esporte, Leonardo Picciani (PMDB-RJ), e o da Ciência, Tecnologia, Inovação e Comunicação, Gilberto Kassab (PSD-SP), entre outras raposas da velha política investigadas pela Operação Lava-Jato.
A escolha do deputado André Moura (PSC-SE) para líder do governo na Câmara dos Deputados é outro fato que empobrece a representação do novo governo. André Moura é réu em três processos no Supremo Tribunal Federal (STF) e investigado em mais três inquéritos, um deles por suspeita de homicídio, além de fiel escudeiro do presidente afastado da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha.
Há que sublinhar, entretanto, a equipe econômica escolhida pelo ministro Henrique Meireles, pela reconhecida competência técnica e capacidade de reverter a atual crise que o PT legou ao país. Os nomes de Monsueto de Almeida Junior (Secretaria de Acompanhamento Econômico), de Carlos Hamilton (Secretaria de Política Econômica), de Ilan Goldfajn (Banco Central) e de Maria Silvia Bastos Marques (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social - BNDES) dão robustez à equipe e confiança ao mercado, melhorando as expectativas futuras.
Quanto à política externa, o ministro José Serra já deu mostras para o que veio. Depois de vários anos submissos a uma política externa ideológica e partidária, o Itamaraty respondeu com altivez as insinuações de “golpe” feitas por alguns países que cultuam o ideário do atraso bolivariano e à União das Nações Sul-Americanas (Unasul). O agora chanceler foi enfático ao dizer que eles propagam “falsidades sobre o processo político interno no Brasil.
O ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, por sua vez, tem assegurando seu apoio à Operação Lava-Jato e a manutenção de Leandro Daiello Coimbra à frente do Departamento de Polícia Federal (DPF). Entre outros anúncios importantes estão o reforço do policiamento das nossas fronteiras, para diminuição do tráfico de armas e de drogas oriundos dos países vizinhos, o combate ao crime organizado e o fiel cumprimento das leis. Daí sua afirmação de que “a independência da Polícia Federal deve ser total, nos termos estabelecidos pela Constituição”.
No entanto, como os estragos realizados pelo aparelhamento do Estado pelos governos petistas foram enormes, há que ter paciência, mesmo porque a máquina de governo montada é bastante heterogênea, com pontos altos e baixos. Além disso, o PT e demais facções aliadas da esquerda atrasada não medirão esforços para atrapalhar o governo de Michel Temer onde for possível. Para essa facção tudo é válido para retomada do poder, desde a dissimulação a mentiras escancaradas, pois eles não sabem viver sem o dinheiro público.

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