quinta-feira, 5 de janeiro de 2017

Desastre anunciado

O ano de 2017 começou com mais de 12,1 milhões de brasileiros desempregados, de acordo com a última Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua), divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) ao final do ano passado. Tal número, entretanto, reflete apenas a quantidade de pessoas que estavam em busca de emprego nos últimos 30 dias antes da pesquisa, pelos critérios utilizados na estatística oficial, iniciada em 2012 durante o governo do PT.

A metodologia da PNAD Contínua não considera como desempregados os que recebem o Bolsa Família ou o Seguro Desemprego, por considerar que esses beneficiários dos programas sociais do governo estão no grupo dos chamados “desalentados”. Pelo IBGE o grupo dos “desalentados” é aquele cujas pessoas perderam o emprego e desistiram de procurar uma nova colocação, mesmo que temporariamente. Outro absurdo é que o subemprego também não é computado, nem que a pessoa tenha trabalhado apenas um dia no mês, recebendo por isto uma ínfima quantia.

É fácil de concluir, portanto, que os dados da PNAD Contínua não refletem a realidade, pois se trata de uma metodologia que mascara, escancaradamente, o verdadeiro número de brasileiros que se encontram desempregados. O próprio IBGE reconhece que até o mês de outubro havia no Brasil pelo menos 22,7 milhões de pessoas em idade produtiva, mas que estavam sem trabalho ou subempregadas, devido à recessão que vem encolhendo há tempo a nossa economia.

Segundo o Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada (IPEA), os mais atingidos pelo desemprego são os jovens na faixa etária entre 14 e 24 anos.  Nessa faixa etária o desemprego já ultrapassa a 28%. Outro grupo igualmente afetado é o dos trabalhadores com ensino médio incompleto, ao qual chega à casa dos 22%. E em todas as faixas etárias o desemprego deverá continuar subindo, pelo menos até o final do primeiro semestre deste ano, de acordo com previsão de renomados analistas.

A equipe econômica do governo de transição do presidente Michel Temer (PMDB-SP) tem tomado as medidas possíveis, de modo a conter a sangria do crescimento dos gastos públicos e viabilizar a retomada do crescimento econômico. Contudo, não há mágica quando se trata de economia. Os resultados não são imediatos, principalmente quando se vivencia uma crise tão profunda, como a legada pelos governos petistas após 13 anos e alguns meses no poder. 

A crise atual é tão profunda e perversa para o trabalhador brasileiro que os salários médios reais no país vêm caindo, mês a mês, aceleradamente. No ano de 2015 a média dos salários reais caiu 3,7%, enquanto em 2016 a previsão é de 6,2% de queda, de acordo com estudos da Organização Internacional do Trabalho (OIT). A previsão para 2017 também não é em nada diferente, pois dificilmente haverá qualquer recuperação no valor real dos salários.

Espera-se que desta crise fique o ensinamento básico de que nenhum governo deve gastar além do que arrecada. No passado recente a Lei de Responsabilidade Fiscal, introduzida na gestão do ministro da Fazenda Pedro Malan, durante o governo de Fernando Henrique Cardoso (PSDB-SP), foi um bom exemplo. Neste sentido, deveríamos continuar avançando, mas retrocedemos. E muito! O grande problema a ser evitado são os políticos populistas, que não sobrevivem sem a gastança e a demagogia. 

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