sexta-feira, 28 de julho de 2017

Valores ao Inverso

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O único fato positivo que se pode tirar do aumento das alíquotas de PIS e Cofins é mostrar às “senhoras autoridades”, em Brasília, que o povo brasileiro já não suporta cobrir os rombos do governo, por elas mesmas criados. Afinal, é sempre mais fácil exigir mais um sacrificiozinho de todos, que combater a corrupção, organizar o Estado, eliminar de vez as mazelas e mordomias do serviço público, entre tantas outras excrescências que ferem profundamente a estabilidade de nossa economia. 
A crise atual que condena 14 milhões de pessoas ao desemprego, bem como outro tanto idêntico de subempregados, é contingência direta da falta de zelo dos governantes com a gestão do Estado. Acostumamo-nos a não pensar em políticas públicas de longo prazo, planejadas, e a priorizar as ações de efeitos imediatos. Não é por acaso, portanto, a negligência com as áreas básicas, tais como a educação, a segurança pública e a saúde, que são de responsabilidade exclusiva do Estado.   
No Brasil gasta-se muito e mal, como regra! Um bom exemplo são os gastos com os juros da dívida pública, que já ultrapassam a cifra anual de R$ 400 bilhões – quase o dobro do orçamento da educação e da saúde juntos. Portanto, não é exagero dizer, em sentido figurado, que gastamos como um saco sem fundo. E os políticos mostram-se sempre insaciáveis, querem continuamente mais...
Segundo o Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário, entre os 30 países com maior carga tributária no mundo, o Brasil é o que proporciona o pior retorno dos valores arrecadados em prol da sociedade. Mesmo assim, a carga tributária brasileira não para de crescer. Em 1996 era 25,2% do PIB; atualmente chega a 35,04%.
O aumento mais dissimulado é o do Imposto de Renda da Pessoa Física (IRPF). Desde 1996 o IRPF acumula uma defasagem de 83,12%, já que a correção da tabela nunca acompanha a infração, que vai se acumulando ano após ano.  Por ironia, a todo tempo em que a tabela é reajustada, mesmo com aumentos menores que a inflação, os burocratas não se avexam em dizer que o governo está abrindo mão de “X” receita.
Nesta semana, em recurso à Justiça para manutenção do aumento nas alíquotas do PIS e Cofins sobre os combustíveis, a Advocacia-Geral da União (AGU) argumentou que a cada dia, perde-se R$ 78,0 milhões de reais, que deixam de ingressar nos cofre públicos e impedem o financiamento das funções de governo. Disse ainda que no aspecto atinente à economia pública, o perigo de grave lesão é flagrante.
Em um cenário de imoralidade explícita tais argumentos não são em nada convincentes. Isto ocorre cotidianamente em nosso País em razão da falta espírito público, de humanidade e grandeza. O Estado só existe para promover o desenvolvimento econômico e social em favor de todos, não de uma minoria. Nem para usurpar em desmedidas arrecadações de recursos.

quarta-feira, 26 de julho de 2017

Remendando, remendando... Mas, sem conserto


Em razão do desequilíbrio fiscal e das dificuldades do governo de fechar as contas, por mais uma vez o brasileiro é surpreendido pelo aumento de impostos. Desta vez está sendo elevada a alíquota do PIS/Cofins sobre o etanol, a gasolina e o óleo diesel. Porém, encontram-se ainda em estudos novos aumentos na alíquota do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) e na Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (CIDE), que também incide sobre os combustíveis.
Sempre que o governo necessita de dinheiro novo para cobrir os seus rombos, usa do recurso de aumentar impostos ou outras contribuições. Invariavelmente, os custos das mercadorias e serviços produzidos logo também são majorados. Eleva-se, por conseguinte, o Custo Brasil, que reflete em toda sociedade. Os mais prejudicados sempre são os mais pobres, pela diminuição no poder de compra dos produtos que lhes são essenciais.
Em um país com desenvolvimento econômico estagnado, recém saído de uma recessão profunda e duradoura, aumentar impostos é uma medida temerária, pelos efeitos que acarreta sobre o conjunto da economia. Medidas mais eficazes seriam melhorar a qualidade dos gastos públicos, tais como combater a corrupção e o desperdício, eliminar as mordomias e os privilégios, diminuir a burocracia do Estado, entre outras ações para evitar tirar mais recursos da sociedade.
Historicamente, os governos brasileiros sempre gastam muito além do que arrecadam. Além disso, sempre aplicaram muito mal os recursos arrecadados. A Lei Complementar nº 101, de 4 de maio de 2000 – Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) – foi instituída para induzir os governantes a melhorar os gastos públicos e manter o equilíbrio das contas. No entanto, quando se trata do governo central, a eficácia da LRF tem sido quase nula.
Em todos os poderes da República, seja no Legislativo, no Executivo ou no Judiciário, nossas “autoridades” sempre têm encontrado uma brecha para burlar a lei e continuar gastando. A dívida pública brasileira trilionária é resultante desse excesso de gastos. Consequentemente, pagamos juros sobre juros, tal qual uma bola de neve que vai rolando...
E o pior é que os contribuintes perderam a capacidade de indignação; de reagir quando o governo excede em seus atos. É pela indiferença que os maus governantes têm o poder para continuar “reinando”, como se não tivessem a obrigação de prestar conta de seus atos ao povo. Contudo, pelas leis, o Brasil não é propriedade privada dessa minoria.

segunda-feira, 17 de julho de 2017

Incoerência de acusações seletivas

Não se pode perder de vista que o presidente Michel Temer (PMDB-SP) só assumiu a presidência da República por ser o substituto legal da ex-presidente Dilma Rousseff (PT-RS), depois de seu afastamento em decorrência de descumprir a Lei de Responsabilidade Fiscal e levar o Brasil ao atual atoleiro. Antes, ambos marcharam juntos como irmãos siameses em duas eleições presidenciais consecutivas, com a aquiescência do ex-presidente Lula da Silva (PT-SP), obviamente por conchavos políticos. Não por uma causa que se possa apontar como projeto para o País; uma causa nobre.
É de pleno conhecimento dos bastidores políticos em Brasília, que o presidente Michel Temer nunca foi nenhum santo; que quando presidente da Câmara dos Deputados sempre usou o poder em benefício próprio e de seus apaniguados. A filmagem da mala de dinheiro carregada apressadamente pelo o ex-deputado Rocha Loures (PMDB), homem dito de “plena confiança” pelo próprio presidente, é apenas uma ínfima amostra da roubalheira que há tempo vem dilapidando o Brasil e condenando milhões de pessoas à pobreza.
Desqualificar apenas o presidente Michel Temer, atribuindo-o a exclusividade pela maior crise ética, econômica e política da história do Brasil República é menosprezar a inteligência de todos. Em nossa história não há qualquer precedente de organizações criminosas montadas para dominar o Estado brasileiro, da forma como aconteceu o MENSALÃO. Este fato, no entanto, não foi capaz de inibir as quadrilhas organizadas aliadas dos governos de então. Daí a Lava Jato, que para nossa vergonha, é o maior escândalo de corrupção no mundo.
Felizmente, mesmo às vezes andando por linhas tortas, a Justiça tem cumprido com bastante celeridade as suas funções. Já não podemos dizer que em nosso País só pobre vai para a cadeia. A condenação do ex-presidente Lula da Silva a uma pena de nove anos e seis meses de prisão, bem como de tantos outros políticos, empresários, doleiros e burocratas por envolvimento em esquemas de corrupção, é a prova viva do vigor do Estado de direito e da Democracia.
Qualquer pessoa que infringir a lei tem o direito amplo de defesa. Julgado culpado tem o dever de acertar as contas com a Justiça!
Criar factóides para inocentar o ex-presidente Lula da Silva, menosprezando e denegrindo a Justiça, com objetivo tácito de ganhar no grito, não é uma forma maiúscula de fazer política. Desde há muito tempo não há no Brasil “justiça de exceção”, como também não há provas de que a Justiça tenha a intenção de “destruir o PT” ou “caçar a candidatura de Lula”, como vem anunciando a cúpula petista e seus seguidores.
O PT e os demais partidos a ele alinhados, assim como todos que ora cercam o presidente Michel Temer, ao deixarem de reconhecer seus erros se apequenam. A situação fica ainda pior quando se tenta transferir a própria culpa para outros. Não se apaga a realidade. Ela sempre é feita de fatos, que invariavelmente deixam seus rastros de provas. 

sexta-feira, 7 de julho de 2017

Gatunagem na escuridão


Pelas últimas informações divulgadas pelo Banco Central (BACEN), a dívida bruta brasileira chegou ao patamar de R$ 4,63 trilhões ao final do mês de maio. Este valor corresponde a 72,5% do nosso Produto Interno Bruto (PIB), que é o maior percentual da série histórica desde que ela foi iniciada, em dezembro de 2006. Pelas projeções do BACEN o montante da dívida bruta deverá chegar ao final do ano em torno de 77,5% do PIB. A mesma estimativa no início do ano era que chegasse a 76,2%. 
A situação atual só não está pior em razão do controle da inflação e do aperto orçamentário em vigência, que têm impulsionado a taxa básica de juros (SELIC) para baixo, o que diminui os gastos do governo com pagamentos de juros. Mesmo assim, o BACEN projeta que a conta dos juros da dívida pública leve o governo a desembolsar neste ano R$ 402,2 bilhões. Esse montante é menor do que o do ano passado, quando gastamos R$ 407,0 bilhões. Contudo, ele pode ser alterado em razão das turbulências do mercado.
O crescimento da dívida pública é resultante do descontrole fiscal e da gastança desenfreada, que teve início no segundo mandato do ex-presidente Lula da Silva (PT-SP) e continuidade durante todo governo da ex-presidente Dilma Rousseff (PT-RS). Agora esbarra na morosidade da aprovação das reformas.
No período de governos lulopetistas, quando esteve em voga a prática de políticas ufanistas e populistas, nada foi feito de reformas estruturantes para que o Estado brasileiro fosse modernizado. Na questão da previdência, por exemplo, foram mantidos os privilégios que contemplam os interesses das elites políticas e dos servidores públicos e militares. E ainda hoje, quando tramita um novo projeto de reforma no Congresso Nacional, a força dos lobbies pela manutenção dos privilégios do setor público continua enorme, avassaladora.
Estudos recentes apontam que um aposentado da iniciativa privada recebe, em média, em torno de R$ 1,2 mil por mês, enquanto um servidor público federal inativo recebe, também em média, cerca de R$ 9,0 mil. Este último valor é quase sete vezes maior do que o primeiro. Daí o déficit da União, com o contingente de um pouco mais de 1,0 milhão de servidores públicos aposentados, ser mais que o da previdência do setor privado, com 29,5 milhões de aposentados e pensionistas.
A diferença entre os rendimentos da aposentadoria entre ambos os setores é um dos fatores que contribui para tornar a distribuição de renda no Brasil de forma tão desigual. Outro forte fator para esse desequilíbrio é que quase sempre as políticas públicas são formuladas para atender aos interesses de minorias, como demonstram claramente os inúmeros escândalos que eclodiram a partir do MENSALÃO.
O montante da dívida pública e dos gastos do governo com o pagamento de juros, que atualmente consomem quase duas vezes o orçamento anual da educação e da saúde, juntos, refletem as conseqüências da ambição desmedida e do imediatismo da casta que domina a nossa vida pública. Não é surpresa, portanto, que os últimos governos, incluindo o de Michel Temer (PMDB-SP), fiquem para sempre marcados pela lama da corrupção. É dessa lama podre onde brotaram 14 milhões de desempregados.